Severidades
I like it witty
Raras experiências com uma Variant Branca
Categories: Severidades

Minha Variant Branca
Tá de portas abertas
Pra a gente se amar
Pelados em Santos”

Mamonas assassinas – 1995

Sábado passado deixei meu carro para consertar e fique com a rainha dos anos 70, a Variant Bernarda do meu pai! O apelido vem a semelhança  com aquela ratazana branca do desenho da Disney… Mas a ratazana se chamava Bianca… O camundongo é que era o Bernardo… Bem, a Variant se chama Bernarda e pronto!

A Variantona

6:00am céu cinzento, tudo indica que vai chover, tenho um curso de TOGAF 9 que começa daqui a duas horas em Sao Paulo. Faria Lima, quase esquina com JK.

Variant? Harley? Variant? Harley?

A Bernarda venceu…

Cara, só dava eu e Bernarda, totalmente style a 80 por hora em quarta marcha singrando a Raposo. Só faltou o chapéu e o cachecol para ficar a cena perfeita.

A Variant possui um sistema de frenagem desenvolvido em Bedrock por volta de 1000 AC, e testado exaustivamente pela família Flintstone. Os modernos freios a tambor, precisam de uma pressaozinha extra no pedal, o que leva, em alguns caso, os seus músculos do tornozelos ficarem em chamas.

Mas claro que ainda não conheço a fundo toda a tecnologia embarcada no bólido, e paguei pela ignorância.

Cheguei na Faria Lima umas 6:45, estacionei a várias quadras de distância do prédio do curso, bati a porta e bora aprender TOGAF 9! Até a noite Bernardona!

>> 9 horas após, já anoitecendo >>

Cadê a chave? Excelente! Está no contato. Esqueci que a VW primava por desenvolver a memória dos proprietários de seus veículos, permitindo que as portas pudessem ser travadas, batidas e a chave no contato.

E agora amigon? AH! Lembrei!

Dois Pai Nosso, duas Ave Maria, um Credo e três Salve Rainha e caminhei para a porta traseira da mardita! Bingo! estava aberta! Na verdade acho que nunca fechou desde 1980.

O problema extra, é que tinha um carro velho, uns dez anos mais novo que Bernarda, estacionado quase encostado no  pára-choques traseiro. Era um Ford Scort XR3 vermelho. E pelo estado de decomposição, era da primeira leva de 1985 mais ou menos.

Hoje sou um cara de 42 anos bem vividos, cabelo e barba brancos, e usando o processo científico não restavam muitas alternativas alem de abrir a tampa traseira de Bernarda e me rastejar igual a um enorme inseto para dentro do carro.

Imagine um policial passando pela calçada vendo a desajeitada cena. Certamente interpretaria com certo pessimismo, e eu estava arriscado de levar “voz de prisão”. Quanto mais eu pensava mais “animado” eu ficava.

Do outro lado da rua havia uma guarita e dentro dela um guardinha noturno. Resolvi respirar um pouco mais fundo e conversar com o guardinha, até mesmo para ele não interpretasse mal a manobra… Foi quando descobri que aquele senhor era o dono do XR3 vermelho que estava com a fuça na calda da Bernarda. Quase ofereci 10 real para ele se rastejar Variant a dentro. Ele se prontificou a puxar o carro e ficou olhando a cena de longe.

1% do meu problema resolvido. Abri a tampa e entrei na caverna. A sensação deve ser parecida com a de dos mineiros chilenos dentro da capsula de salvamento, só que era eu na rua dentro de uma Variant 1974 branca…

Três quilômetros depois me rastejando cheguei ao banco traseiro! Por que fazem um porta malas tão grande? Por isso tiraram a Variant de linha cazzo! E em uma manobra digna do Cirque du Soleil já estava no banco do passageiro. Mais uma saltei o abismo do freio de mão e cheguei na posição do piloto.

Pronto, tudo resolvido, se não fosse a mochila que ficou do lado de fora.

Beleza, Bati no vidro da Bernarda e o guardinha veio com a mochila na mão ao lado da porta. Só faltava aplaudir. Hahaha! Agradeci ao público, liguei a perua (ainda bem que pegou de primeira) e alcei vôo rumo ao oriente direto para a Raposo Tavares.

Começou a bater uma saudades do Civic…

Leave a Reply